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sábado, 20 de outubro de 2012

O REI E O AMADO


Narrador: A encenação conta sobre o encontro de Luis Gonzaga com Jorge amado no céu.

Não se sabe como aconteceu
A história que agora irei contar
Muito menos quem me contou
Pois ninguém nunca voltou de lá
Grande encontro que houve no céu
Dois artistas pra quem tiro o chapéu
Vamos ver esse  encontro popular.

Luis Gonzaga:
 Jorge Amado grande amigo
Desde que viemos pra cá
Muita coisa tem acontecido
Macho vive desmunhecar
É mulher largando marido
Não sei o que aconteceu
Que o mundo se perdeu
Agora tem até homem de vestido.

Meu sertão que era de cabra macho
Vive numa vida mais diferente
Mulher, não tem mais donzela
Quase não tem cabra valente
Meu baião perdeu a vez
Música de gringo em inglês
Só diz ok, não diz oxente.

Jorge Amado:
Luiz gonzaga caro amigo
A Bahia vive  situação pior, admito
É um tal de rala a tcheca no chão
É mulher que tem  boi como marido
Crianças ouvem pagode esculachado
Pra eles livro é algo ultrapassado
Lá quase nada é proibido.

Escrevi grandes obras de sucesso
Sou escritor bastante conhecido
E você é o grande rei do baião
Ainda não houve artista parecido
Estamos ainda marcados na memória
Já temos cem anos de história
Nosso talento sempre será reconhecido.

Luis Gonzaga
Vamos falar da politica do Brasil
Algo melhor sempre busquei
Para o povo do Sertão
Minha vida de cantor  eu dediquei
Não ver ninguém passando fome
Onde se plante também se come
Algo melhor eu sempre sonhei.

Agora tem uma tal Copa do mundo
Evento de grande proporção
Gasta um dinheiro de absurdo
Mas não dá jeito na seca do sertão
Não investe em educação e saúde
E ainda toda população ilude
Pedem todo apoio à seleção.


Jorge Amado
Enquanto houver miséria
Enquanto houver terceiro  mundo
Pode ter certeza meu amigo
Que não haverá paz no mundo
E enquanto futebol for prioridade
Não haverá uma livre sociedade
Nesse mundo de absurdo.

O Brasil país do futebol
Receberá a copa do mundo
E também os jogos olimpicos
Investimento grande e absurdo
 Mas esquecem da educação
Necessidade de toda uma nação
Ferramenta pra mudar o mundo.

Luis Gonzaga:
Quero ser lembrado como sanfoneiro
Pessoa que amou e cantou seu povo
Que cantou as aves, padres e cangaceiros
Que cantou a vida sofrida do sertanejo
Dos retirantes,dos valentes, e covardes
Sempre fui em defesa do meu sertão
Me entristece ver esse tal de mensalão
Vergonha para toda a sociedade.

Dinheiro investido em copa do mundo
Desvios pelo tal de mensalão
Crianças no Nordeste passando fome
Isso é de cortar meu sofrido coração
Queria ver o mundo bem melhor
Que fosse uma alegria só
Ao som de forró, xaxado e baião.

Jorge Amado:
Faço das suas minhas palavras
Que a arte dê beleza à vida
Que a vida se confunda com a arte
E a dor seja para sempre esquecida
Que a poesia se misture com a prosa
Que os espinhos não machuquem a rosa
E que não cause dor, a triste partida.


Encerramento:

Luiz Gonzaga:
Sou eu, o rei do baião.

Jorge Amado:
Sou eu, o amado da Bahia.