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domingo, 15 de agosto de 2010

Filhos do Brasil


O Brasil está de pernas para o ar
Acomodado em poltrona de ouro reluzente                                                                             
Presente de teus filhos ao pai ausente
Que não cuida dos teus filhos de sangue
E a eles só dar uma pensão que lhes é de direito
E ainda batem no peito doente de uma nação
Pois não dás a educação que realmente merecem
Nem tão pouco amor e carinho  que dos renegados recebes
Não há respostas se não houverem perguntas
Mas há perguntas sem respostas.

A teus meninos não ensinas os limites
Pousando ser mais um pai moderninho
Que de mancinho põe seu último trocado no bolso
E assim que seque o Brasil
Filho da mãe que lhe pariu
Em um caminhão coberto de esterco
Não há respostas se não houverem perguntas
Mas há perguntas sem respostas.

E assim a vida vai sequindo
Em curvas tortas de chão batido
Feitas de buraco em cotornos de cinza
Pela estrada continuamos indo
Buscando sonhos em em nuvens pardas
E desse jeito a vida se passa
Caminhamos sem direção
Mas um futuro melhor vamos pedindo.

Não há respostas se não houverem perguntas 
Mas há perguntas sem respostas.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Histórias de seu Zé


De sua roça nunca saia
Sua história lá seu Zé fez
Vivendo junto a Maria
Só menino foram seis
O milho deu só a metade
E logo para cidade
Foi pela primeira vez.

Pelo pouco que lá choveu
Não pôde a terra molhar
O seu sustento se perdeu
De lá não podia tirar
Jogou sua enxada no chão
Subiu em cima do caminhão
Emprego foi procurar.

Foi logo na sua chegada
É verdade e aconteceu
Matuto não sabia nada
E na cidade se perdeu
Viu uma mulher formosa
Cheirando feito uma rosa
De Maria já se esqueceu

Estava com muita fome
Trupicando no andar
Não lembrava nem o nome
Daquilo que iria comprar
Juntou o pouco que tinha
Comprou ovo frito e farinha
E foi se deliciar.

Se lembrou do prometido
Comprou um tal de gelado
Quis só dar uma de sabido
Mas o fato foi engraçado
O que pros filhos prometeu
Botou no bolso e derreteu
Que parecia tá mijado.

Lá na feira no chegar
Mostrou que era lá do mato
O vendedor a gritar
Tem verdura fresca e pato
Botou as pernas pra correr
Pensou que tava a dizer
Eu te aberturo e te mato.

Sem saber aonde ir
Seu primo foi procurar
O que queria conseguir
Na sua loja trabalhar
Sobre o trabalho conversou
De toda forma ele tentou
Emprego não quis lhe dar.

Tal emprego não encontrou
Não por falta de tentar
Tanto abuso ele escutou
Pra casa queria voltar
Uma criança ele viu
Tanta saudade sentiu
Que não segurou a chorar.

Sem saber ir pra sua roça
Encontrou o cumprade João
Subiu em cima da carroça
O cumpadre foi a salvação
Com raiva arretou a falar
Até aqui só vou voltar
Se for causo de precisão.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Velho Chico

Grande e belo Rio São Francisco
Em tempos de  imensa agitação
Venho pedir-te um gole d` água
Nessas pequenas hondas que vem e vão
Em sua extensa fonte de vida
Matar a cede de boa parte do sertão.

Viajando pela dultra deste Rio
A vida se passa em cristalina pureza
E nesse vai e vem peço a benção
Da nossa grande realeza
O velho Chico sempre foi um Rei
Que se expande em grande riqueza.

Deus fez o que há belo na natureza
Em sete dias alcançou a perfeição
Mas também fez nascer o homem
Um ser impuro e cheio de ambição
Tocando tudo que há de mais belo
Só causa a sua total destruição.

Há uma coisa que quero falar
Pode acreditar minha gente
Que essa ideia de transposição
Vem feito um traiçoeiro bote de serpente
É o mesmo que aos poucos sangrar
Um velho que já anda doente.

Imploro pela vida do nosso Rio
Onde aqui me fiz nascer
Entre angustias, alegrias e tristezas
Por suas águas o menino tornou crescer
Com orgulho digo que és minha vida
Por isso não te quero ver morrer.